Páginas

19 fevereiro 2012

Fanfic ENCONTRADO - Capítulo Um

Galera, era pra eu ter postado isso Domingo, mas foi Carnaval, e eu estava viajando, não deu pra postar. Peço desculpas a todos, principalmente ao escritor, José Eduardo!


1

Ótimo!
O que deu na cabeça do velho agora? Estamos como todos os anos comemorando os dias que antecedem o natal acampando no meio do mato. Confesso que nunca entendi isso muito bem até fazer treze anos e ele me contar que fazia isso para se lembrar de sua outra filha e para, de certa forma, comemorar o aniversário dela. Eu sei que é meio ridículo, não o fato de comemorarmos o aniversario dela, mas o fato de ela não estar aqui em nenhum dos anos. Só que algum tempo mais tarde ele me contou que tinha outra mulher que se chamava Linda que também tinha descendências indígenas e que com ela ele teve três filhos, mas que acabou abandonando-os para ficar com minha mãe e comigo.
            A filha dele que faz aniversário por esses dias tem a minha idade. Mas acho que é um costume Montgomery abandonar a mulher que se ama em datas importantes. Ou pelo menos é o que meu pai fez e esta me obrigando a fazer, pois este seria o primeiro natal que eu passaria com a garota que amo, mas como sempre as tradições familiares vêm em primeiro plano e aqui estou eu.
            Que legal, aqui estou eu em meu blábláblá mental novamente, de quem será que herdei este costume? Deve ter sido do meu pai, pois é ele que às vezes parece distante e perdido enquanto estamos conversando com ele.
            - Eduardo?
            Olhei para os dois e só então me dei conta que estava fazendo o que estava pensando. Odeio quando isso acontece.
            - Sim?
            - Estamos perguntando se está tudo bem. Há algum tempo estamos te chamando e você está ai encarando o vazio.
Irritei-me um pouco. Como se ele não fizesse isso sempre!
- Estou bem. Não tem nada de estranho comigo!
Deixei a raiva passar um pouco para minha voz sem querer, mas é claro, ele percebeu.
- Eu sei que você não queria estar aqui. Mas sabe o quanto é importante para mim.
- Sim eu sei. Sempre você! Se queria fazer isso por que não chamou seus verdadeiros filhos?
- Você é meu verdadeiro filho!
            O ignorei e sai de lá.
Comecei a caminhar pela floresta e sentir o ar gelado daquela manhã, mas nem por um minuto sequer pensei em voltar para perto daquela acolhedora fogueira, não com eles lá. Pelo menos não por enquanto. Não até eu me acalmar. Segui por entre as arvores até chegar às margens de um rio. Sentei-me ali e fiquei pensando. É claro que eu sabia que ele era meu pai de verdade, mas só disse aquilo, pois não me pareço com ele como seus outros filhos se parecem. Meu cabelo é moreno como o dele, mas nossas semelhanças acabam por ai. No resto me pareço com minha mãe, na cor dos olhos castanhos esverdeados claros, na pelo branca e pálida e por ai vai.
Comecei a me concentrar nas águas do rio e não demorou muito alguns peixes começaram a subir a superfície, o que não era novidade para mim, pois eu conseguia estabelecer contato com todo e qualquer animal já há alguns meses, de forma fácil e pacifica, era como se eles ouvissem meus pensamentos e viessem até mim. Isso acontece desde que aquela mulher, a tal de Silvia ligou para ele dizendo que havia acontecido algo com sua filha, algo como ela ter sido Marcada ou sei lá. Não entendi direito. Nunca havia ouvido ninguém falar sobre aquilo até aquele instante. Mas ele simplesmente falou que não podia fazer nada, que sentia muito e desligou, mas desde então venho tendo este contato bizarro com a fauna.
Fiquei ali por um bom tempo até que adormeci e comecei a sonhar.
No sonho eu ouvia uma doce voz cantando no meio de um campo de flores roxas sob a sombra de uma arvore, aproximei-me e percebi que ela estava sorrindo ao mesmo tempo em que estava muito preocupada. Sentei-me ao seu lado e senti que já a conhecia.
- Oi. Está tudo bem? Eu posso te ajudar?
Ao me perceber ela olhou em meus olhos e uma lágrima rolou por sua face. Isso era algo que parecia completamente errado. Pois sua face era a mais bela que eu já havia visto, agora eu não conseguiria defini-la de forma alguma, mas naquele instante eu soube que uma lagrima não combinava com ela.
- Comigo está tudo bem. Mas estou chorando por uma de minhas filhas. O mal a esta cercando cada vez mais e, mesmo estando acompanhada por seus amigos e irmãos não sei se ela poderá vencer sozinha?
Não sei por que, mas a forma como suas palavras soaram preocupadas e como ele disse filha tocou em algo dentro de mim, como se eu soubesse exatamente de quem estava falando.
- E, no que posso te ajudar?
Ela sorriu como uma mãe sorri para um filho.
- Não sei se posso te pedir isso. É algo que não terá volta.
Olhei para o campo e mais ao longe para o por do sol. Então voltei a olhar para ela, mas antes que eu pudesse dar uma resposta ela perguntou?
- É bonito não?
Olhei em seu rosto mais uma vez sabendo exatamente sobre o que ela estava falando, pois onde eu morava os dias sempre eram assim, nunca havia uma nuvem sequer no céu e essa era minha hora favorita do dia.
- Sim. Gosto desta hora, pois é quando o dia está acabando e, por fim as estrelas começam a surgir e podemos apreciar a noite.
Ela concordou com um meneio de cabeça.
- Sim. Meus filhos também gostam da noite, mas alguns sentem falta de quando o sol acariciava suas peles ao invés de machucá-los.
Ficamos em silencio por um longo tempo até que algumas estrelas começaram a enfeitar o céu.
- O que devo fazer?
- Tens certeza de que deseja ajudar minha filha?
Concordei sem hesitar, e foi neste instante que ela se transformou e tomou uma forma poderosa e ao mesmo tempo de aparência frágil.
- Neste momento, José Eduardo Montgomery eu te Escolho e te Marco como meu filho. E tens minha benção para que possa fazer as escolhas certas em sua nova vida.
Ela me beijou na testa e se despediu dizendo:
- Merry meet e merry part e merry meet outra vez!
Olhei em seus olhos mágicos uma ultima vez e soube exatamente o que dizer:
- Merry meet e merry part e merry meet outra vez Nix!
Quando acordei senti uma leve tontura ao olhar para o por do sol e percebi que meus olhos começaram a lacrimejar. Então lembrei do sonho estranho que tive. Olhei novamente para cima e então ao meu redor. Não, eu não estava em um campo de flores roxas, eu estava na floresta, cercado por milhares de eucaliptos. Olhei para o lago e vi os peixes novamente. Mas começou a escurecer e eu decidi que já era hora de voltar para o acampamento.
Assim que me aproximei do meu pai fui recebido com um sermão.
- Onde você estava? Nós já íamos ligar para a guarda florestal...
Ele parou de repente, mas não entendi o que aconteceu. Vi apenas minha mãe levando a mão a boca e meu pai caindo de joelhos chorando enquanto dizia:
- Não! Você também não!
Não tive tempo de raciocinar, pois aquela tontura voltou e cai no chão. Meu pai se levantou preocupado e correu até mim.
Ele se sentou ao meu lado pegou o celular e discou um número às pressas. Seja lá quem for não hesitou em atender.
- Alô, Silvia.
Ele parou por alguns segundo e então respondeu:
- Sim, sim, é ele. Ele também foi marcado! Você precisa me ajudar.
Ele ficou em silencio por mais alguns segundos e então falou:
- Sim. Eu o levo até ai. Estamos há uma hora e meia de distancia. Mas por favor, eu preciso da sua ajuda.
Senti minha cabeça começando a doer e, neste momento eu soube que algo iria acontecer e, que eu não iria gostar nem um pouco disso. Ele desligou o celular e disse para minha mãe.
- Pegue o carro. Vamos levá-lo agora.
Minha mãe saiu correndo e ele me abraçou dizendo:
- Você vai conhecer alguém. Vamos leva-lo até ela agora. Sua vida nunca mais será a mesma. O que você fez?
Ótimo. Como se a culpa de... Sei lá o que, fosse minha.
- Eu não sei. Só dormi na beira do lago, tive um sonho, acordei e voltei para cá.
Ele ficou surpreso e me indagou:
- Sonho? Que sonho?
- Não lembro. Uma mulher pediu minha ajuda e eu disse que a ajudaria.
Não sei definir que emoções passaram pelo rosto dele, mas sabe quando estamos assistindo um desenho e o personagem fica com o rosto vermelho, azul, amarelo, verde e assim por diante? Então, foi assim que ele ficou. Então a minha dor de cabeça começou a ficar mais forte e ele gritou:
- Nix! Por quê?
Minha consciência começou a se esvair e a ultima coisa de que lembro foi de ouvir um miado frenético, como se o gato estive chorando e então vi um gigantesco gato preto pulando em cima de mim e lambendo meu rosto, então apaguei.

    Quando acordei lembro-me de ter ficado fascinado pelo aroma. Eu e meus pais estávamos no carro. Eu estava sentido um maravilhoso cheiro que já havia sentido antes, só não conseguia me lembrar de onde.  Sentei-me olhando fixo para os bancos da frente e perguntei:
- Onde estamos?
Arrependi-me na hora por ter levantado, pois fui atacado pela tontura novamente.
Minha mãe se virou sem saber o que dizer, olhando apenas para minha testa, meu pai olhou pelo retrovisor e respondeu:
- Estamos na fazenda de lavandas de Silvia Redbird. Ela vai te ajudar.
Lavandas? Olhei pela janela e percebi que já era noite, mas diante da imensidão vi seguindo por quilômetros um enorme campo de flores roxas, idênticas as do meu sonho. Então o carro parou e Silvia veio até a porta traseira sentando-se ao meu lado.
- Não se preocupe filho. Você vai ficar bem.
Ela passou a mão por minha testa recitando algo em um idioma que não compreendi.
Minha mãe ficou preocupada enquanto meu pai religava o carro.
- O que ela está fazendo?
Meu pai mirou o volante e respondeu:
- É uma prece cherokee. Vai ajudar. Lembro-me disso de quando eu e Linda éramos crianças. Meus pais tentaram me ensinar, mas não tive paciência para aprender.
Silvia sorriu e o repreendeu sem tirar os olhos de cima de mim.
- Pois fez mal. Você e Linda eram dois cabeças ocas. Pena que ela não teve tempo para poder fazer as coisas certas.
Meu pai freou abruptamente.
- Como não teve tempo?
Só então ela se virou para ele com lagrimas nos olhos.
- Linda está morta.
Durante alguns minutos de silencio olhei uma ultima vez pela janela enquanto meu pai acelerava de novo e nos distanciávamos dos campos de lavanda. Foi quando vi meu reflexo. No alto de minha testa estava em bela lua crescente da cor safira.
Quando dei por mim, estávamos todos na enfermaria do que parecia ser um castelo antigo e uma garota linda estava gritando com Silvia.
- A senhora sabia o tempo todo onde ele estava? Sabia sobre ele?
Ela apontou para mim chorando e meu pai tentou acalmá-la.
- Zoey...
Ela se afastou com repulsa e com ira.
- Não me venha com Zoey agora. Onde o senhor esteve quando precisei? Por sua causa minha mãe se relacionou com um idiota e agora está...
Então percebi que um cara louro de olhos castanhos e com tatuagens vermelhas estava sentado do lado da cama que eu estava. Ele sorriu e perguntou:
- Você finalmente está ai?
Fiquei meio confuso.
- O que tá rolando?
- A Zoey tá discutindo com o pai dela.
Olhei para a cena a minha frente e foi então que conheci minha irmã. Como não percebi logo de cara? Ela era idêntica ao nosso pai. Os mesmos olhos, o mesmo tom de pele, o mesmo atordoamento por não estar no controle da situação...
O cara começou a estalar os dedos na frente do meu rosto.
Olhei para ele e ele sorriu.
- Definitivamente você e a Z são irmãos.
Ela olhou para nós dois, desnorteada, com se me odiasse e se estivesse acusando ele por algo.
Ele estendeu sua mão falando:
- Prazer. Sou o Stark.
Apertei sua mão e falei:
- Prazer. Sou o Eduardo. Quer dizer... José Eduardo Montgomery.
Ele olhou para a Zoey que ao ouvir se virou mais brava para mim. Então ele perguntou:
            - E ai, Eduardo. Como você entrou nessa loucura?
            Fiquei meio sem saber o que dizer, mas então senti algo me tocar e falei tudo:
            - Nix disse que a Zoey precisa de ajuda.
            Todos me olharam surpresos e Zoey finalmente parou de me encarar com ódio.
            - O quê?
            - Nix disse que você precisava da minha ajuda. Eu disse que ajudaria. E então ela me Marcou.
            Uma garota de pele chocolate entrou no quarto perguntando:
            - Alguém aqui sabe de quem é esse gato? Ele estava arranhando a porta feito um louco.
            Então ela olhou para mim, sorriu e ao perceber que ninguém estava falando nada Stark disse:
            - Shaunee, este é o irmão da Z.
            Ela sorriu para a Zoey e disse:
            - Precisamos conversar depois.
            Ela sorriu para mim e me mandou um aceno então saiu do quarto.
            Ninguém soube o que dizer até que o enorme gato preto pulou na cama meio chorando meio aliviado e começou a me lamber novamente.
            Então a Silvia olhou para todos e disse:
            - Vamos deixar Zoey, Eduardo e seu gato Bombay sozinhos. Eles precisam conversar.

Um comentário:

Sua Opinião é Muito Importante para nós!

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.