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05 março 2012

Fanfic ERIK NIGHT - Capítulo Dois



2



Achei que não conseguiria dormir direito. Aquela novata não saia da minha cabeça! Mas, chegou um momento que caí no sono. Não percebi quando os pensamentos se transformaram em sonho, só lembro que de repente estava parado naquele mesmo corredor escuro, só que Aphrodite não estava lá. Éramos somente eu e a novata.
Eu estava parado no mesmo local em que ela me encontrou com Aphrodite, encostado na parede, sozinho. Assim que me viu, começou a vir em minha direção. Devagar. Seus olhos não se desviavam dos meus. Meu coração se acelerou. Estava ofegante. Ela chegava cada vez mais perto com seus olhos grandes e profundos, seu rosto pálido, sua Marca completa, linda, brilhando em azul safira no meio da testa. Minha vontade era de tocá-la, sentir aquela pele de seda, ir ao seu encontro. Mas não conseguia me mexer, estava hipnotizado, como da primeira vez que nos vimos.
De repente senti algo molhado escorrendo em minha perna. Olhei para baixo e estava sangrando no mesmo local onde Aphrodite havia me cortado com sua unha naquela noite – sonhos são assim, vai entender. Ela seguiu meus olhos para ver o que tinha chamado minha atenção. Quando seus olhos encontraram os meus novamente eles ardiam de desejo. Parecia que ela queria provar de meu sangue. Ela se aproximou mais um pouco, os lábios entreabertos, sua respiração também estava acelerada. Estava tão perto que poderia tocá-la se esticasse minha mão. Aquilo era muito excitante.
Ela deu mais dois passos e parou. Bem perto de mim. Podia sentir o calor que emanava de seu corpo no meu. Ela olhou para minha perna que sangrava com desejo, mas não se mexeu mais. Consegui, finalmente, me mexer e passei os dedos no corte deixando-os cheios de sangue. Sua respiração se acelerava cada vez mais. Passei os dedos sujos com o sangue em meus lábios e me aproximei dela. Seus olhos se fecharam, esperando por meu beijo. Estava a centímetros de sua boca... quando o despertador me acordou.
Acordei assustado. Sentei na cama suando, com o coração disparado, a dor do desejo não satisfeito passando por todo o meu corpo. Quase gritei de frustração. Ainda bem que eu dormia sozinho em meu quarto – ainda não tinham arrumado um novato para dividir o quarto comigo. Ia ser constrangedor acordar desse jeito com alguém olhando e fazendo perguntas.
Suspirei fundo e balancei a cabeça para tentar me livrar do sonho.
– Minha Deusa!
Fiquei sentado na cama por mais um tempo, me lembrando do sonho. Eu ainda estava ofegante.
Levantei em um pulo e fui tomar um banho. Demorei um pouco mais que o normal para ver se me livrava do sonho e me acalmava. Mas sempre que fechava os olhos eram os olhos dela que eu via emoldurando a sua Marca e um calafrio passava por minha espinha. Ia ser difícil me acalmar, então desisti.
Saí do banho, peguei uma toalha e me enxuguei. Coloquei calça jeans uma camiseta preta e um suéter do uniforme e saí do quarto.
Desci para a cozinha do dormitório para tomar meu café da manhã. Não estava com cabeça para nada, então só preparei uma tigela de cereais Frosted Flakes. Geralmente eu preparo um sanduíche ou umas panquecas, mas não hoje. Hoje só me concentrei para comer meus cereais. Os garotos estavam eufóricos, todos conversando, nem perceberam quando não me sentei no meu lugar de sempre. Não queria conversar, ou melhor, não sei se conseguiria me concentrar para responder alguma coisa, então me encostei na pia da cozinha, que era um pouco afastada da mesa onde os meninos conversavam. No começo, com tanta gente falando ao mesmo tempo e eu ainda com o sonho vívido em minha mente, nem prestei muita atenção ao assunto que eles conversavam, era tudo um zumbido só.
– Vocês viram a Marca dela?
– Estava mesmo completa!
– O que será que ela tem? Nunca na história dos vampiros um novato teve a marca completada antes da transformação.
– Isso eu não sei, mas a Marca dela é linda!
Foi esse diálogo que chamou minha atenção. Não sei quem estava conversando e não me virei para ver quem era. Só fiquei prestando atenção ao que eles diziam.
– Cara! A Marca dela é linda mesmo. Mas não é só isso que ela tem de bom. Ela é muito gostosa! Depois que consegui tirar os olhos daquela Marca, fiquei impressionado com outros atributos. – Ele deu uma risadinha.
– É. Isso é verdade. Tá certo que todas as garotas da Morada da Noite são bonitas e gostosas, mas ela está além das expectativas.
Eu tinha reparado que seu rosto era lindo. E os olhos... Ah, que olhos! Mas não tive tempo de ver o resto. Estava hipnotizado por seus olhos. Mas hoje eu tiraria o atraso. Ela realmente tinha alguma coisa para ter chamado tanta atenção assim em tão pouco tempo.
A única garota que tinha conquistado tantos admiradores tão rapidamente tinha sido Aphrodite, e nem foi tão rápido assim. Mas os garotos se desinteressaram um pouco quando viram como ela era e, é claro que eu já estava com Aphrodite antes mesmo que algum deles tivesse tentado alguma coisa. Eles ainda a achavam gostosa, mas de longe. Eram poucos os que ainda tinham coragem em tentar alguma coisa com ela.
– Olha, ela é realmente gostosa, mas o que mais me chamou a atenção foi o seu rosto. Deusa, que rosto! Seus olhos são de uma cor indefinida, entre o castanho e o verde. São lindos.
– E a boca? Aqueles lábios cheios! Deu vontade de morder.
– Alguém se lembra do nome dela?
– Zoey Redbird, se não me engano.
Zoey. Era isso mesmo. Era essa a novata que nossa Morada da Noite estava esperando. Eu havia escutado Neferet falar esse nome para Stevie Rae quando lhe avisou sobre sua nova colega de quarto, mas na hora não prestei muita atenção, por isso havia me esquecido.
Cole e T.J. não estavam exagerando quando disseram que todos já estavam comentando sobre a novata ontem. “Onde estão esses dois que não desceram ainda?”
Foi eu terminar de pensar nos dois que eles apareceram.
– E aí Erick? – Cole me cumprimentou com um tapinha no ombro. – Preparado?
Ele percebeu minha expressão confusa de “preparado para que?” e continuou – Para encontrar com Aphrodite? Hoje você não tem escapatória cara. Por mais que consiga evita-la durante as aulas, temos o Ritual das Filhas e Filhos das Trevas mais tarde, temos que ajudar a arrumar as coisas.
– É cara, você não pode faltar, sabe disso. – T.J. completou.
Por um instante eu achei que eles sabiam de meu interesse por Zoey, mas depois que eles comentaram sobre Aphrodite a ficha caiu.
– Pois é. Acho que nunca estarei preparado para isso. Mas, fazer o quê? Como vocês disseram, hoje eu não tenho como escapar. Bem, vou ter que encarar e ver o que acontece. – Respondi. Só agora me lembrando de Aphrodite e de suas consequências.
– Cara, você sabe que sou seu amigo, mas eu não queria estar na sua pele. – T. J. riu.
– Vai passar. Sei que vou ter alguns problemas ainda, mas um dia Aphrodite encontra alguém melhor do que eu para atazanar, se é que já não encontrou. – Lancei um olhar interrogativo aos dois para ver se eles tinham alguma novidade sobre Zoey.
– É verdade. Com certeza ela já encontrou. Depois do sucesso – Cole ergueu aspas com as mãos ao dizer a palavra sucesso – que a novata fez ontem, Aphrodite com certeza não vai ter muito tempo para pegar no seu pé. Ah, aliás, o nome da novata é Zoey Redbird.
– É, fiquei sabendo. – Eu disse olhando ao redor, para os garotos no refeitório. Eles ainda estavam falando sobre Zoey.
– Como eu disse ontem – T. J. comentou – todos na Morada da Noite estão comentando sobre a novata.
– Percebi. – Suspirei. A concorrência ia ser grande.
– Olha, o papo está bom, mas acho melhor irmos agora se não quisermos nos atrasar para a aula. Quem sabe não temos sorte e encontramos com a novata no pátio. – Cole disse colocando sua tigela de cereal vazia na máquina de lavar.
– É, vamos logo. Já estamos atrasados. – Concordei.

Fomos para nossa primeira aula. Eles estavam conversando sobre fazerem exercícios após o Ritual das Filas e Filhos das trevas, mas eu não estava prestando atenção. Estava pensando em Zoey. Esse nome fez com que meu estômago desse voltas e mais voltas.
Fui interrompido de meus pensamentos no caminho para a aula pela Professora Nolan, nossa professora de teatro. Eu era um ótimo ator. Ganhei a competição mundial de monólogos da Morada da Noite ano passado em Londres. E chamei um pouco a atenção por minha interpretação de Tony na produção de “West Side Story” na Broadway e em Hollywood no semestre passado. A professora Nolan ia começar com os monólogos para os terceiros formandos, e me perguntou se eu poderia fazer uma demonstração para a sua turma no início da aula do terceiro período. Ela me pediu para recitar o monólogo de Otelo, escrito pelo vampiro Shakespeare.
– Claro que posso Professora Nolan. Será um prazer. – Aceitei o convite de imediato. Era sempre bom ter uma plateia.
– Espero por você então. Obrigada Erick, é sempre bom mostrar seu talento para inspirar meus alunos. Pode deixar que aviso seu professor do terceiro período de que você vai se atrasar um pouquinho. – A Professora Nolan respondeu sorridente.
– Obrigado Professora. – Respondi e acompanhei os meninos para a aula.
Minhas duas primeiras aulas passaram sem que eu percebesse. Estava tão perdido em pensamentos que nem vi o tempo passar. Apesar das aulas da Morada da Noite serem totalmente diferentes das aulas que temos nas escolas comuns – aqui não tem nada de geometria ou trigonometria, matérias que eu não gosto nada – e serem muito interessantes, eu não estava conseguindo me concentrar cem por cento. Meus pensamentos insistiam em girar em torno de Zoey e como eu me comportaria na Sala de Jantar quando eu a encontrasse novamente. Pior, como eu me comportaria se por acaso a encontrasse nos intervalos das aulas. Eu não sabia ainda o que fazer. Eu nunca fiquei tão nervoso, nem mesmo quando tinha que apresentar um monólogo em uma competição para centenas de pessoas. E isso era novidade para mim.
Se não fosse por Cole me dizer – Depois me conta das gatinhas da sala da Professora Nolan – teria me esquecido do monólogo que a Professora tinha me pedido para recitar para sua turma.
Segui então para a aula de teatro da Professora Nolan para recitar o monólogo, sempre atento ao meu redor para não ser pego de surpresa caso a novata passasse perto de mim. Andava um pouco de cabeça baixa, dando a impressão de estar concentrado em alguma coisa, mas a verdade é que eu estava com medo. Medo de não saber o que fazer se eu a encontrasse e ela me olhasse com olhos de acusação tipo “Eu sei o que você fez no verão passado”. Tá certo que isso ela não sabia, mas viu o que eu fazia no corredor escuro ontem à noite com Aphrodite e com certeza ela teria a visão errada de mim. “E se ela me olhasse com nojo? Ela tinha toda a razão para fazer isso, caso ela fosse uma menina certinha. Ou, ela podia ser uma cachorra como Aphrodite. Aí, talvez, ela não tivesse se incomodado com a cena que tinha presenciado.” – Os comentários dos meninos na cozinha do dormitório não me ajudaram muito sobre sua personalidade. Teria que descobrir isso sozinho. Meu estômago dava voltas de preocupação e ansiedade. – Ai meu estômago. – Disse a mim mesmo começando a ficar enjoado.
A sala de aula da Professora Nolan era um pouco longe da sala de aula em que eu estava, por isso eu ia chegar um pouco depois da sua aula já ter começado.
Parei à porta da sala, observando os alunos pela janela que todas as portas das salas de aula têm, queria ver se a aula já tinha começado há muito tempo. Para minha sorte os alunos ainda estavam se arrumando em suas carteiras. Isso queria dizer que eu não estava tão atrasado como achava que estava. Corri os olhos pelos alunos para ver quem estava na sala e meu coração parou.
Ela estava nesta aula, procurando uma carteira para se sentar. Parecia tímida. Talvez ela fosse uma boa garota. Diferente de Aphrodite. Mas não tinha como ter certeza somente por achar que ela era tímida.
A Professora Nolan falou com ela.
– Zoey, bem vinda! Sente-se em qualquer lugar.
Ela se sentou ao lado da Elizabeth Sem Sobrenome – que nome esquisito para se escolher. Por um instante fiquei feliz por ela estar ali. Agora veria tudo o que os meninos comentaram com meus próprios olhos e encontraria aqueles lindos olhos novamente. De repente, a ficha caiu. Saí rapidamente da janela da porta para que ninguém me visse e me encostei na parede ao lado de fora da sala. Meu coração disparou, minhas mãos começaram a suar frio. Estava tendo um ataque de pânico.
“Zoey! Ela estava nessa aula! Não! Eu ainda não estou preparado para me encontrar com ela. O que eu vou fazer? O que ela vai pensar de mim? Como ela vai agir quando me vir? Como eu vou reagir a ela?” – Meus pensamentos estavam me deixando cada vez mais enjoado. Meu estômago dava voltas e voltas. Pensei se não seria melhor sair dali e inventar uma desculpa depois para a Professora Nolan. Mas ela saberia que eu estava mentindo. Vampiros sempre sabem. – “Acho que vou vomitar!” – Esse foi meu último pensamento antes de eu começar a respirar fundo e devagar para tentar me acalmar.
 “Acalme-se Erik! Nenhuma garota, por mais bela que fosse, teve tal controle sobre você. Você tem que se acalmar! Você é um ator! Por mais que você esteja nervoso, você sabe atuar. Concentre-se.” – Foi com esse pensamento que eu me acalmei. Eu iria interpretar um papel, isso eu fazia bem. Respirei fundo, algumas vezes, e consegui me acalmar um pouco.
Mais calmo, consegui pensar com mais clareza e percebi que tinha que enfrentar essa ansiedade sem noção. Alguma hora eu iria encontra-la. Morávamos na mesma Morada da Noite! E, pensando bem, essa era a melhor maneira de reencontrá-la depois do acontecido. Com certeza a professora Nolan ia falar bem de mim. Afinal de contas eu era seu aluno preferido.
Ainda estava me recuperando quando ouvi a Professora Nolan falando com os alunos.
– Estamos para começar a escolher os monólogos que cada um de vocês apresentará à turma na próxima semana. Mas primeiro, achei que vocês gostariam de uma demonstração de como se faz um monólogo, então pedi a um talentoso aluno do ano mais avançado para dar um pulo aqui e recitar um monólogo de Otelo, de autoria do antigo escritor vampiro Shakespeare.
Respirei fundo mais uma vez, coloquei minha “máscara” de ator e apareci novamente na janela da porta. A professora Nolan me viu.
– Aqui está ele. Entre, Erik. Como sempre, seu senso de timing está perfeito. Estamos prontos para seu monólogo. – A Professora Nolan me apresentou para a turma e continuou.
– A maioria de vocês já conhece o quinto-formando Erik Night e sabem que ele venceu o concurso de monólogos da Morada da Noite do ano passado, cuja final foi em Londres. Ele também já está gerando buchicho em Hollywood e na Broadway por causa de sua performance como Tony em nossa produção de West Side Story no ano passado. A turma é toda sua Erik. – Ele me disse com um sorriso radiante. Como eu havia pensado, ela fez uma boa propaganda minha. Isso me animou. Agora Zoey conhecia uma qualidade minha.
Subi ao pequeno palco na frente da sala, com um pouco mais de confiança, enquanto a turma me recebia com uma salva de palmas. Eu já sabia onde ela estava sentada, por isso não foi difícil encontra-la quando me virei para falar com a turma.
– Oi pessoal. Tudo bem? – Eu disse diretamente para Zoey. Queria realmente saber se ela, em particular, estava bem. Suas bochechas ficaram levemente mais avermelhadas. “Ela está corando!”. Bem, então ela percebeu que eu estava falando com ela.
Ela era linda. Mais bela ainda do que eu me lembrava, ou mesmo em meus sonhos. Seus cabelos eram pretos e brilhosos como a meia noite adornada com o brilho das estrelas. Seus olhos redondos e um pouco acanhados eram cor de avelã – o garoto na cozinha do dormitório tinha acertado ao dizer que seus olhos eram castanho-esverdeados, mas ele não tinha sido justo ao descrevê-los, eles eram muito mais que lindos, eles tinham um algo a mais que eu não conseguia explicar. Eram hipnotizadores! As bochechas e o nariz tinham um traço forte do povo Cherokee, o que realçava sua individualidade, com certeza ela era uma descendente. E seus lábios. Ah, que lábios. Cheios, cobertos por uma fina camada brilhante de gloss que já estava se acabando, mas mesmo assim bem vermelhos, como cerejas. E, o que chamava mais atenção, sua marca completa. Brilhando em um azul safira incrível, bem no meio de sua testa. Tive que me segurar para não ir até ela naquele momento. Minha vontade de tocá-la era a mesma do corredor, quando a vi pela primeira vez, só que agora era mais forte. Muito mais forte. Usei toda a minha força de vontade para ficar e me lembrar de onde estava. Eu nunca tinha visto garota mais linda, não me admira todos os garotos estarem interessados por ela. Não consegui ver se ela era tão gostosa quanto os meninos no dormitório falaram, pois ela estava sentada, mas só aquele rosto bastava para me tirar o fôlego. Ela parecia uma deusa ancestral.
Não se passou nem um segundo enquanto eu absorvia toda a sua beleza. Recompus-me e continuei conversando com a turma.
– Monólogos aparentemente intimidam, mas o segredo é ter o texto decorado e imaginar que está contracenando com um elenco de vários atores. Finja que não está aqui em cima sozinho, assim. – Comecei com o monólogo de Otelo, imaginando Zoey como Desdêmona. Era fácil demonstrar todo o amor de Otelo por Desdêmona quando colocava Zoey em seu lugar. Eu me imaginei amando-a e percebi como isso seria fácil. Amá-la seria fácil demais.
Terminei o monólogo olhando diretamente nos olhos de Zoey.
Ela me amou pelos perigos que passei
E eu a amei por ter se revelado compassiva.
Seus olhos me hipnotizaram novamente. De repente era só ela que existia, mais nada. Não tinha mais sala de aula, nem professora, nem outros novatos. Não tinha mais ninguém no mundo. Um calafrio percorreu o meu corpo. Tive que me concentrar outra vez para não ir até ela e a agarrar ali mesmo, na frente de todo mundo.
Sorri e toquei os lábios gentilmente lhe mandando um beijo discreto. Ela também estava me olhando de uma forma profunda, como se estivéssemos conectados. Mas eu estava fazendo um monólogo, não estava? Para quem mais ela poderia estar olhando? Porém, ela parecia estar um pouco mais corada do que no começo da aula. Fiz uma mesura e terminei de me apresentar. Tinha que sair dali. Estava perdendo a razão.
Os novatos aplaudiram e isso me ajudou a sair do transe hipnótico de seus olhos. Eu tinha que sair de lá antes que fizesse alguma bobagem.
Saí enquanto a Professora Nolan pedia aos alunos que escolhessem um monólogo que significasse alguma coisa para eles. Virei para dar mais uma olhada em Zoey. Para minha surpresa, ela também me olhava. Sua expressão parecia ser de interesse, mas eu devia estar imaginando coisa. Ou ela só estava interessada em ver bem o rosto daquele que ela tinha flagrado no corredor. Com certeza ela tinha me reconhecido. Mas eu ainda tinha uma pontinha de esperança de que ela estivesse interessada em mim.
Quando ela percebeu que eu a tinha flagrado me espiando, seu rosto corou novamente. Sorri para ela, olhando mais uma vez naqueles olhos lindos, não consegui evitar.
Não esperei para ver se ela sorriria de volta. Fiquei com medo. Afinal de contas, ainda não sabia o que ela pesava de mim. Abri a porta e saí da sala.

Continua...

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